Sincericídio: a arte de matar com a verdade

Por vezes o cometemos. Uns mais, outros pouco. No meu caso, isso acontece e mais do que eu gostaria.

Toda mundo é um assassino em potencial e, para isto acontecer, basta abrir a boca. Não estou falando em crimes cometidos em atos orais mal-sucedidos, mas na forma mais antiga de se matar alguém: o sincericídio. Uma dose certa de verdade é capaz de acabar com a vida de uma pessoa

Comigo, ele acontece duas situações: a primeira quando saí "na lata", sem pensar. Saca? Quando vê, já foi, falou. Não tem mais volta. E você só percebe o erro quando nota o silêncio constrangedor a sua volta. Aí você pensa que deveria ouvir mais e falar menos.

A outra situação rola quando bate aquela vontade incontrolável de ser sincera com alguém. Uma amiga, o par ou  alguém que você gosta, que sempre sai magoado após o desabafo.

Tenho uma amiga que é um doce. Boa demais com todos. Sempre muito prestativa e atenciosa. E você não vai acreditar, mas é justo com ela que eu sempre sou o bastião da sinceridade. Sempre me arrependo!

Fomos programados para acreditar que a sinceridade sempre é a melhor saída. Mas não, meu caro! Fomos enganados.

Há aqueles que insistem em dizer que preferem mil vezes a verdade que dói a uma mentira. Eu sou uma delas. Mas tenho que confessar que mil vezes já menti para não magoar alguém.

Mas o sincericídio, propriamente dito, é quando alguém não te pergunta e mesmo assim vocês faz "questã" de deixar clara sua opinião. Seja sobre o peso da amiga, a roupa da mãe ou o novo corte de cabelo da colega de trabalho. Se ninguém pediu sua opinião, o mínimo que você pode fazer é guardá-la para si.

Tenho outra amiga que vive soltando frases do tipo: "Ah, você gosta? Eu não curto assim". Ou então..."Nossa, você engordou, né?"...."Com esse cavanhaque você fica mais velho!".

Caspita! Se ninguém perguntou, o que leva uma pessoa a dar sua opinião e ser tão sincera? Porque tudo isso depende do ponto de vista de cada um.  Então, o melhor nessas horas é calar.

Tá bom que todo mundo gosta de “gente que fala o que pensa”. O problema é que a gente pensa muita merda. Somos humanos, cometemos erros de julgamento.

Muitas vezes, a sinceridade é usada pra disfarçar a grosseria. A pessoas diz, com aquele alívio incomum do “pronto, falei”, e quem ouve ainda deve agradecê-la por ter falado a verdade. Que nada. Muitas coisas não passam de ponto de vista e se o que você pensa não vai trazer um bem comum entre você e a vítima, não diga. Se falar algo vai apenas fazer com que o outro se sinta mal em troca do teu alívio, fique quieto!

Eu sempre tenho acessos de sinceridade. Se algo não está muito bem, quero deixar claro e muitas vezes já deixei até um climão se formar por conta disso. Hoje tento, com todas as forças do meu ser, me calar. Deixar passar. Se a pessoa perceber e quiser conversar...ótimo, estarei aqui. Mas não serei eu a levantar a polêmica.

Deixe-me ficar quietinha, no meu cantinho. Porque se peixe morre pela boca...meu amigo, eu devo ter sete vidas. E pretendo economizá-las ao máximo, antes que se acabem.

E tenho dito!

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